A crise da monarquia brasileira pode ser associada a algumas questões que progressivamente, enfraqueceram a figura do Imperador Dom Pedro II e, por outro lado, fortaleceram seus opositores:
A questão militar – A composição social do Exército formado,
até meados do século XIX, pela elite brasileira, passou a mudar. Os baixos
soldos, lentidão nas promoções e precárias condições de trabalho afastaram os
“bem nascidos” da carreira militar. Com a vitória na guerra do Paraguai,
as forças armadas (exercito e marinha), passaram a se interessar por questões
políticas do país. Contudo, o regime monárquico não permitia a participação de
militares em tais questões o que gerou um primeiro impasse. A partir de então
os militares, setor estratégico para a manutenção de qualquer governo, passaram
a criticar abertamente a monarquia afirmando que tal regime era atrasado. Neste
mesmo período, muitos se tornaram republicanos e abolicionistas.
Dois importantes episódios ilustram bem a situação:
A
causa imediata da Questão Militar foram as declarações do Tenente-coronel
Antônio de Sena Madureira (1836-1889), oficial de prestígio que privava da
amizade do próprio Imperador, que em 1883 se opôs ao Projeto de Lei de autoria
do Visconde de Paranaguá, que obrigava a contribuição ao montepio dos
militares. Por sua atitude, Sena Madureira foi punido.
Em 1884,
Sena Madureira convidou uma das personalidades da luta pelo abolicionismo no
Ceará, o jangadeiro Francisco José do Nascimento (o Dragão do Mar, que se
recusara a transportar escravos em Fortaleza), a visitar a Escola de Tiro do
Rio de Janeiro, da qual era comandante. A homenagem ao abolicionista
converteu-se em nova punição para Sena Madureira, que fora transferido para à
Província do Rio Grande do Sul.
Essa
transferência gerou polêmica no meio militar, levando o Ministro da Guerra,
Alfredo Chaves, a proibir os militares de travar discussões através da
imprensa. O Presidente da Província e Comandante das Armas do Rio Grande do
Sul, General Deodoro da Fonseca, recusou-se a cumprir a ordem, e foi chamado de
volta à Corte. A proibição, porém, acabou revogada e o Gabinete que a emitiu,
censurado pelo Congresso Brasileiro ¹.
Observamos que a partir do caso Sena Madureira, a questão militar se
agravara já envolvendo inclusive, a figura de Deodoro da Fonseca. Contudo,
outro incidente acirrou ainda mais, os ânimos:
Em
agosto de 1885, durante investigações em um quartel no Piauí, o Coronel Cunha
Matos descobriu irregularidades que acusavam o comandante de corrupto.
Denunciado o fato, Cunha Matos que pertencia ao Partido Liberal, pediu o
afastamento daquele oficial que pertencia ao Partido Conservador. Por essas
razões, Cunha Matos foi violentamente criticado no plenário da Câmara dos
Deputados e na imprensa, pelo o Deputado Simplício Coelho Rezende do Partido
Conservador, que acusou Cunha Matos de conduta covarde durante a Guerra da
Tríplice Aliança.
Enquanto
isso, no Rio Grande do Sul, Sena Madureira também se manifestou, através do
periódico republicano A Federação, que era redigido por Júlio de Castilhos,
conhecido por suas idéias republicanas.
Júlio
de Castilhos, na direção do jornal A Federação, em setembro de 1886, escreveu
um artigo intitulado Arbítrio e Inépcia, que denunciava o modo pelo qual a
Coroa vinha tratando os militares, sustentando que o Exército Brasileiro era a
única instituição que ainda se mantinha impoluta, num ambiente nacional de
ruínas².
A revolta dos militares chegou a tal ponto que até mesmo os alunos da
Escola Militar da Praia Vermelha-RJ, manifestaram seu apoio aos militares que
partiram para o enfrentamento com o poder central. Acuado pela grande
repercussão do caso, o governo recuou perdoando os militares em 1887.
A questão religiosa - A constituição de 1824 estabeleceu um vínculo
particular entre a Igreja e o Estado. O texto constitucional garantia ao
imperador o direito ao padroado, ou seja, o direito de decidir quanto a
nomeação dos cargos eclesiásticos mais importantes. Além disso, o imperador
teria ainda o direito ao beneplácito que lhe conferia poderes de aprovar as
ordens e bulas papais para que fossem ou não cumpridas. Entende-se, portanto,
que a constituição em vigor transformava a Igreja em instituição pertencente ao
Estado Brasileiro isto é, colocava suas principais decisões na alçada de
atribuições de D. Pedro II.
O problema envolvendo o império e a Igreja teve início quando o Papa Pio
IX enviou para o Brasil a Bula Papal Syllabus em 1864. Tal
documento determinava, entre outras coisas, que todos os católicos envolvidos
com a maçonaria deveriam ser excomungados imediatamente da Igreja. Tal fato
atingiu diretamente D. Pedro II que era maçom.
Usando os poderes que a constituição de 1824 lhe conferia (controle
sobre a Igreja), D. Pedro II formulou um decreto em que não reconhecia os
efeitos da tal Bula no território nacional. Contudo, os bispos de Olinda e
Belém: D. Vital Gonçalves de Oliveira e D. Antônio Macedo Costa, preferiram
acatar as ordens da Santa Sé e excomungaram os párocos envolvidos com a
maçonaria.
O imperador, inconformado com a insubordinação, mandou prender os bispos
e os condenou a pena de reclusão e trabalhos forçados. O tamanho rigor da
punição revoltou os demais membros da Igreja diminuindo com isso, o apoio que o
clero lhe prestara. Posteriormente, as punições foram anuladas, mas nem assim,
o apoio do Episcopado foi recuperado.
A questão abolicionista – A questão abolicionista envolve o
descontentamento dos proprietários de escravos com a Lei Áurea de 1888. Os
proprietários de escravos, em sua maioria membros da aristocracia rural,
desejavam receber indenizações, pagas pelo governo, por cada escravo liberto.
Contudo, a Lei Áurea não previa o pagamento de qualquer quantia, causando desta
forma, o rompimento entre os grandes proprietários de terra, sobretudo,
cafeicultores e a monarquia. Esses republicanos ficaram conhecidos por
“republicanos de 13 de maio” data em que a Lei Áurea foi assinada.
Referências:
1 / 2 - http://bernardinosenamadureira.blogspot.com.br/2010/06/questao-militar-sena-madureira-e.html
CASTRO, Celso. Os Militares e a República. Editora Zahar
Gostaria de deixar o endereço do meu blog. Como professor de história, creio que vá interessar! http://anetadonazista.blogspot.com.br/2013/07/meu-marco.html
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