João Belchior Marques Goulart, ou simplesmente João Goulart, governou o Brasil entre setembro de 1961 e março de 1964. Natural de São Borja, Rio Grande do Sul, entrou para a política com o apoio de seu conterrâneo e amigo particular, Getúlio Vargas.
João Goulart assumiu
seu primeiro mandato em 1950 se elegeu Deputado Federal. Em seguida, foi
Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio do segundo governo de Vargas
(1951/1954). O Ministro João Goulart, alinhado com o populismo de Getúlio,
concedeu muitos benefícios aos trabalhadores, tendo inclusive, reajustado o
salário mínimo em 100%, fato que desagradou os empresários e posteriormente,
provocou sua renúncia.
Foi eleito, duas vezes,
ao cargo de vice-presidente pelo partido trabalhista brasileiro (PTB), 1955 e
1960, tendo sido vice de Juscelino Kubitschek e de Jânio Quadros,
respectivamente. Naquele tempo o vice-presidente era desvinculado do
presidente, ou seja, eram candidatos independentes com votação em separado.
Em 25 de agosto de
1961, com a renúncia de Jânio Quadros, abriu-se o caminho para João Goulart
assumir o governo, segundo a constituição. Contudo, partidos da oposição,
sobretudo a UDN (União Democrática Nacional) e alguns militares, tentaram
impedir sua posse sob a acusação de comunismo. Nesta ocasião, Jango estava em
visita oficial à China, país comunista, e foi divulgado inclusive, que ao pisar
em solo brasileiro, ele seria preso. Por esta razão, alguns historiadores
afirmam que o golpe militar que ocorreu em 1964, ocorreria naquela ocasião.
Leonel Brizola, cunhado
de Jango e governador do Rio Grande do Sul, liderou o movimento que ficou
conhecido como“Campanha da Legalidade”, ou seja, objetivando garantir o direito
do vice tomar posse na falta do Presidente, previsto na constituição de 1946.
Brizola acionou os
meios de comunicação, na década de sessenta os jornais e o rádio eram os meios
mais importantes, para pedir a população que se manifestasse em favor de Jango.
O esperado apoio veio de movimentos sindicais e estudantis, do Comando Militar
do Rio Grande do Sul e de intelectuais.
A solução encontrada
pelo Congresso, para a crise política que se instalara no país desde a renúncia
de Jânio Quadros, foi a instauração do sistema Parlamentarista, no qual o poder
do Presidente ficaria limitado por um primeiro ministro. Portanto, o presidente
teria pouco poder de interferência nas ações dos Ministros. Resolvida a crise,
João Goulart, tomou posse em 07 de setembro de 1961 e o Primeiro Ministro
indicado foi Tancredo Neves, do PSD (Partido Social Democrata) mineiro.
Tancredo Neves seria, anos mais tarde, o primeiro presidente civil eleito após
duas décadas de regime militar.
Em janeiro de 1963
houve uma votação popular (plebiscito), para que o povo decidisse sim ou não
pela continuidade do Parlamentarismo. Com ampla vantagem, 82% dos votos, o povo
optou pelo fim deste sistema de governo e pelo retorno do Presidencialismo. Daí
por diante, Jango passou a governar sem a interferência do primeiro ministro e
voltou-se imediatamente para a formação de uma base popular, para garantir sua
eleição no próximo pleito.
No plano econômico
Jango adotou uma postura conservadora. Diminuiu a participação de empresas
estrangeiras em setores importantes da economia, estabeleceu um limite para o
envio de lucros das empresas internacionais ao exterior e seguiu as
determinações do FMI (Fundo Monetário Internacional).
Como herdeiro do
populismo de Vargas, Jango mostrou-se maleável às reivindicações sociais, como
forma de consolidar nos trabalhadores sua maior base e com isso, manter-se no
poder. Tal fato ficou evidente quando em Julho de 1962, os trabalhadores
organizaram o Comando Geral de Greve (CGG), convocando uma greve geral. E, em
resposta, conseguiram o 13º salário.
Com o objetivo de
organizar a economia nos três anos de governo que restavam, o presidente lançou
o Plano Trienal, de autoria de Celso Furtado, que buscava a geração de emprego,
diminuição da inflação, entre outras medidas destinadas a pôr fim à crise
econômica. Porém, o plano não atingiu os resultados esperados.
Necessitando de apoio e
destinado a obtê-lo pelo povo, Jango propôs as chamadas reformas de base que
consistiam na reforma agrária, tributária, administrativa, bancária e
educacional. Um grande comício foi organizado na Central do Brasil, Rio de
Janeiro, para anunciar o início das reformas que livraria o país do caos que
estava vivendo. Entretanto, este comício, foi mais um motivo para que a
oposição o acusasse de comunista. A partir daí houve uma grande mobilização
social anti Jango.
A classe média ficou
assustada com as reformas que, supostamente, tirariam seus benefícios e deu
apoio aos militares. Alguns dias depois do comício, foi organizada a Marcha da
Família com Deus pela Liberdade, com o objetivo de dar apoio aos golpistas e,
no dia 31 de março de 1964, os militares tomaram o poder, com apoio dos Estados
Unidos.
Jango deixou o governo
e se refugiou no Rio Grande do Sul. Posteriormente, foi para o exílio no
Uruguai e Argentina, onde faleceu aos 57 anos, vítima de um infarto.
Curiosidades:
Conta-se que a faixa
usada pelo presidente João Goulart, antes do golpe militar de 1964, foi levada
para o exílio por seu cunhado, Leonel Brizola, que a guardou até a morte, na
esperança de usá-la um dia.
Frase famosa:
"Não troco um só
trabalhador brasileiro por cem desses grã-finos arrumadinhos".
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