JÂNIO DA SILVA QUADROS - nasceu em Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul, no dia 25 de janeiro de 1917. Formou-se bacharel em direito, na década de quarenta, e já em São Paulo, iniciou sua carreira política como vereador (1948-1950), pelo Partido Democrata Cristão (PDC). Seus discursos inflamados e sua grande simpatia transformaram sua trajetória política numa ascensão meteórica que culminara no cargo de presidente.
Entre 1951 e 1953, foi
deputado estadual e logo em seguida, 1953/1954, foi eleito prefeito de São
Paulo pelo PDC e pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB). Chegou ao governo do
Estado em 1955 e três anos depois, foi eleito deputado federal pelo Estado do
Paraná na legenda do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Disputou o pleito
eleitoral para presidente no início da década de sessenta, para sucessão de
Juscelino, e venceu com elevada margem de votos (5,6 milhões), tendo o
experiente João Goulart como vice. Sua campanha
foi marcada por atitudes inusitadas, como comer pão com mortadela em público, falsos
desmaios durante os comícios e pela clássica vassoura que prometia “varrer” a
corrupção do país, fazendo literalmente, a linha do populismo. Tomou posse em 31 de janeiro de 1961, foi o
primeiro chefe de Estado a tomar posse em Brasília, para um mandato de cinco
anos, mas que na prática, durou menos de oito meses.
Jânio Quadros Iniciou
seu governo lançando um programa de controle da inflação (anti-inflacionário), em
que se previa a reforma do sistema de câmbio, desvalorizando o cruzeiro em 100%
e reduzindo os subsídios para importações de produtos como o trigo e gasolina. Ou
seja, tentou incentivar as exportações do país, para com isso, equilibrar a
balança de comercial. A estratégia foi aprovada pelo Fundo Monetário
Internacional (FMI), tornando possível uma renegociação da dívida externa
brasileira. Contudo, no plano interno, essa política teve um alto custo para a
população, pois elevou os preços do pão e dos transportes entre outros.
Em março do mesmo ano,
Jânio Quadros encaminhou o projeto da lei antitruste e de criação da Comissão
Administrativa de Defesa Econômica, vinculada ao Ministério da Justiça, tais
projetos foram rejeitados pelo Congresso Nacional. No princípio de agosto, o
presidente anunciou a criação da Comissão Nacional de Planejamento e a
preparação do Primeiro Plano Quinquenal, que viria substituir o Plano de Metas
estabelecidos na administração de Juscelino Kubitschek.
Na política externa, Jânio
assumiu uma postura “independente”, em que se tentava uma aproximação comercial
e cultural com os diversos blocos do mundo pós-guerra, o que provocou a
desconfiança de setores e grupos internos que defendiam o alinhamento
automático com os Estados Unidos. Internamente, essa postura desagradou
principalmente, a UDN (União Democrática Nacional), partido que apoiou a
eleição do próprio Jânio causando inclusive, o rompimento quando o presidente
condecorou o ministro da Economia cubano Ernesto Che Guevara, com a Ordem do
Cruzeiro do Sul.
Progressivamente, o
governo passou a experimentar, a ausência de uma base política de apoio, o
Congresso Nacional era dominado pelo PTB e PSB, e Jânio já havia se afastado da
UDN. Uma forte oposição liderada pelo então governador do extinto Estado de
Guanabara, Carlos Lacerda acelerou o “desmonte” do governo e, em 25 de agosto
de 1961, o presidente apresentou sua renuncia.
A constituição dava
direito ao vice-presidente João Goulart, que visitava a China, de assumir a presidência,
contudo, surgiu uma grave crise política, uma vez que a posse de Goulart era
vetada por três ministros militares que o acusavam de ser comunista. A solução
encontrada pelo Congresso, e aprovada em 2 de setembro de 1961, foi a
instauração do regime parlamentarista, que garantiria o mandato de João Goulart
até 31 de janeiro de 1966.
Carta Renúncia:
"Fui vencido pela reação e assim deixo o governo. Nestes sete meses cumpri o meu dever. Tenho-o cumprido dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções, nem rancores. Mas baldaram-se os meus esforços para conduzir esta nação, que pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, a única que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo.
- "Desejei um Brasil para os brasileiros, afrontando, nesse sonho, a corrupção, a mentira e a covardia que subordinam os interesses gerais aos apetites e às ambições de grupos ou de indivíduos, inclusive do exterior. Sinto-me, porém, esmagado. Forças terríveis levantam-se contra mim e me intrigam ou infamam, até com a desculpa de colaboração.
- "Se permanecesse, não manteria a confiança e a tranquilidade, ora quebradas, indispensáveis ao exercício da minha autoridade. Creio mesmo que não manteria a própria paz pública.
- "Encerro, assim, com o pensamento voltado para a nossa gente, para os estudantes, para os operários, para a grande família do Brasil, esta página da minha vida e da vida nacional. A mim não falta a coragem da renúncia.
- "Saio com um agradecimento e um apelo. O agradecimento é aos companheiros que comigo lutaram e me sustentaram dentro e fora do governo e, de forma especial, às Forças Armadas, cuja conduta exemplar, em todos os instantes, proclamo nesta oportunidade. O apelo é no sentido da ordem, do congraçamento, do respeito e da estima de cada um dos meus patrícios, para todos e de todos para cada um.
- "Somente assim seremos dignos deste país e do mundo. Somente assim seremos dignos de nossa herança e da nossa predestinação cristã. Retorno agora ao meu trabalho de advogado e professor. Trabalharemos todos. Há muitas formas de servir nossa pátria."
- Brasília, 25 de agosto de 1961.
Jânio Quadros proibiu no Brasil o uso dos boquinis, as rinhas de briga de galo e as corridas de cavalo em dias úteis. Regulamentou os espetáculos públicos e controlou os programas de rádio, televisão, cinema, teatro e casas noturnas.
Frases famosas:
A BIOGRAFIA DEFINITIVA DE JÂNIO
ResponderExcluirhttp://bernardoschmidt.blogspot.com.br/2013/01/janio-vida-e-morte-do-homem-da-renuncia_28.html