O mundo estava ansioso por competições envolvendo as principais potências do futebol que, em função da Segunda Guerra Mundial, ficaram suspensas por 12 anos, entre 1938 e 1950. Decidida a recomeçar a história das copas, a Fifa viu na candidatura brasileira, uma boa oportunidade para realizar o mundial em local distante, geograficamente falando, dos resquícios da segunda grande guerra. A escolha da sede da quarta Copa do Mundo aconteceu em julho de 1946, menos de um ano após o fim da guerra.
Tendo sido escolhido para sediar
o mundial, o Brasil precisava providenciar a estrutura mínima para a realização
do evento e por isso, solicitou junto a Fifa que o torneio fosse realizado em
1950, e não em 1949 como inicialmente estava previsto. A solicitação foi aceita
de imediato dando tempo necessário para o término das estruturas necessárias
para a realização do mundial principalmente, a obra que foi motivo de orgulho
para os brasileiros, o estádio do Maracanã. Tal construção ostentava o fato de ser
o maior estádio de futebol do mundo e abrigaria a final do Mundial em que apenas
13 países participaram. Ou seja, estava criado o cenário para a famosa “tragédia
do Maracanã”.
O Brasil era a equipe favorita para a conquista do título e estreou goleando o
México por 4 a 0 no Maracanã, depois empatou com a Suíça por 2 a 2 no Pacaembu
e logo em seguida, derrotou a Iugoslávia por 2 a 0, novamente no Rio de
Janeiro.
A fase final envolveu quatro
seleções divididas em um único grupo e a seleção arrasou os suecos com uma
goleada histórica de 7 a 1. Ademir de Menezes, um dos grandes nomes e
artilheiro da Copa (com nove gols), marcou quatro vezes naquele dia aumentado
ainda mais, as expectativas e a confiança dos torcedores e atletas. No jogo seguinte,
outro placar elástico contra a Espanha 6 a 1, com mais dois de Ademir.
O Uruguai, equipe
que enfrentaria o Brasil na final, empatou em 2 a 2 com a Espanha e venceu a
Suécia por um placar apertado 3 a 2. Chegou ao último jogo, contra o Brasil,
com uma campanha modesta, se comparada as goleadas que a seleção aplicara na
fase final. Como agravante a situação que já era desfavorável, só a vitória
dava o título a seleção Uruguaia, a final aconteceria no Maracanã que foi
lotado por 200 mil torcedores. Toda a delegação brasileira foi levada às
vésperas da final para uma concentração no centro do Rio sentindo com isso, toda
a euforia dos torcedores. Autoridades também se aproveitaram do clima de euforia
para faturar politicamente com a conquista que já se tinha como certa. Os
jogadores, literalmente, perderam o foco.
O fim da história é
conhecido por todos, naquela tarde de 16 de julho de 1950, Friaça abriu o
placar para o Brasil no início do segundo tempo, mas a Celeste empatou com
Schiaffino e virou a partida com Ghiggia, em um lance que se imortalizou e
colou no goleiro Barbosa o rótulo de “vilão nacional” até o fim de sua vida. O
“Maracanazzo” gerou um grande trauma na seleção e na sociedade brasileira de
forma geral. A autoestima da nação foi atingida, e só com o primeiro título
mundial em 1958 começou a apagar o chamado “complexo de vira-latas”, expressão
criada pelo escritor Nelson Rodrigues em alusão ao sentimento voluntário de
inferioridade do brasileiro em relação ao resto do mundo.
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