sexta-feira, 20 de julho de 2012

O Egito e a arte da guerra



A hegemonia da civilização egípcia durou cerca de 3000 anos. Muitos fatores levaram este povo deterem da sua região por todo esse tempo, contudo, devemos considerar principalmente um: a importância das guerras.

Havia, no Egito antigo, um exército que atuava como força repressora das rebeliões e tumultos dentro do país. Esta força militar, além de assumir o papel de polícia, evitando confrontos internos, destinava-se a resolução de questões externas, assegurando a soberania sobre o território. Os egípcios, a exemplo dos demais povos da antiguidade, ampliavam suas fronteiras, avançando para os territórios mais próximos, isso gerou diversos conflitos que quase sempre, terminaram em grandes guerras. A necessidade de obter certos produtos ou recursos naturais impulsionava a exploração das outras regiões. Portanto, as guerras funcionavam como meio econômico, além da dominação de povos estrangeiros.

Os faraós comandavam os exércitos egípcios, recebiam por isso, treinamento físico, intelectual e principalmente, estratégico. As guerras e as batalhas eram legitimadas pela divindade conhecida por Montu, tal divindade era encarnada pelo faraó quando tratava dos assuntos do exército. Era representado na mitologia como um homem com cabeça de falcão, tendo na cabeça duas plumas, um disco solar e uma serpente. Na mão portava geralmente algum instrumento relacionado às batalhas, como a cimitarra, o símbolo da guerra. A partir da XI dinastia, Montu adquiriu características associadas à vitória destes embates. Entendemos, portanto, que quando o faraó liderava seus soldados, o fazia, simbolicamente, em nome de Montu.

Os soldados formavam uma camada social à parte. Não eram muito estimados pela população e viviam dos produtos recebidos como pagamento e dos saques que podiam realizar durante as conquistas. Alguns eram estrangeiros, como os líbios; estes recebiam um pedaço de terra, em recompensa pelos serviços prestados.
Os soldados egípcios combatiam a pé (antes da invasão dos hicsos, em 1750 a.C.,não havia cavalaria), protegidos com equipamentos de couro.

A guerra proporcionava mão de obra proveniente dos prisioneiros. Mas nem sempre esta “arte” tinha um caráter meramente destrutivo. Quando os hicsos invadiram o Egito, havia um motivo a mais para a guerra, estavam motivados, na verdade, pela falta de alimentos na região da Ásia. Todavia, eles sabiam que o Egito era consideravelmente atrasado, militarmente falando, quando comparado aos povos asiáticos. Assim, entrar no Egito era relativamente fácil e o fizeram, estabelecendo inclusive, uma dinastia estrangeira que permaneceu por cerca de 200 anos na região. Contudo, as guerras entre hicsos e egípcios trouxeram benefícios para os povos da terra do Nilo. Instrumentos de trabalho foram aperfeiçoados, passaram a usar o tear vertical, melhoras na roda de oleiro, maior aplicação e uso do bronze. O boi indiano, mais resistente que o egípcio foi levado ao país, juntamente com novas técnicas e novos cultivos. Na arte da guerra, as melhorias vieram com o uso do cavalo e carros de guerra mais ágeis, diferentes táticas militares e novas armas. As guerras, portanto, tinham um caráter de dominação, mas traziam benefícios e influências em todas as áreas do conhecimento dos diversos povos envolvidos.

A hegemonia egípcia era garantida, em parte, pelo relativo isolamento geográfico, pois a maior parte do território era formado por desertos, e dificultava o contato de povos estrangeiros com o povo egípcio. Contudo, com o enfraquecimento militar e político, os egípcios se renderam a dominação persa, e posteriormente, à greco-romana, tendo seu território anexado ao Império Romano, chegando ao fim de quase três milênios do poder estabelecido pelos faraós. 



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