O
ano era 1968, ápice dos anos de chumbo no Brasil, a repressão promovida pela ditadura
teve efeito reverso, ao invés de intimidar a população, movimentou grandes
massas em protestos que entraram para história. Foram muitos os protestos,
passeatas e comícios relâmpago. Contudo, foi no Rio de Janeiro que um grande
evento marcou aquele vinte e seis de junho, a cidade testemunhou a passeata
dos cem mil.
Os
antecedentes de tais manifestações remontam a morte do estudante Edson Luís de
Lima Souto, em 28 de Março de 1968. Edson foi assassinado pela Polícia Militar
durante um confronto no restaurante Calabouço - centro do Rio de Janeiro. Muitos
jovens bradavam diante do corpo do estudante: “Neste luto a luta começou!” Logo
após sua morte, iniciaram as greves estudantis em todo o país que
culminaram em junho de 1968, nas numerosas manifestações públicas. Oito dias
antes, 18 de junho, uma grande passeata terminou no Palácio da Cultura. As forças
da repressão partiram para dispersão violenta dos manifestantes e conseguiram
prender o líder estudantil, Jean Marc van der Weid. No dia seguinte, os
estudantes da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) se reuniram para
pedir a libertação de Jean bem como, de outros alunos presos. Mais uma vez as
forças do governo reagiram contra os estudantes prendendo inclusive, outros
trezentos tentando com isso, desarticular o movimento. Mas o efeito era sempre
reverso.
A
embaixada norte americana também foi “alvo” de outra memorável manifestação de
oposição a ditadura. Após três dias de enfrentamento
entre estudantes e polícia, o conflito findou com saldo de vinte e oito mortos,
centenas de feridos, mil presos e 15 viaturas da polícia incendiadas.
Percebendo
que a da ditadura usaria sempre a violência e prisão contra os “rebeldes”, outra
estratégia foi adotada pelas lideranças do movimento: somar forças com a classe
operária, também organizada em torno de movimentos grevistas e convocar a
população para participar das manifestações, aproveitando-se da péssima
repercussão para o governo das mortes nos protestos anteriores.
A
união de estudantes, trabalhadores, intelectuais e artistas fortaleceu, ainda
mais, a passeata marcada para 26 de junho de 1968. Enfraquecida pela força das
massas e pela repercussão da sua truculência os brucutus não tentaram reprimir
as cem mil pessoas que participaram daquele evento. Todavia, isso não
significou um recuo das forças do governo que já preparava uma nova ofensiva
contra a população o AI-5.
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