Diz-se que o soldado
Medeiros, que em 1822 juntou-se às tropas que combatiam os portugueses no
movimento de Independência do Brasil, era muito hábil com as armas,
disciplinado e audacioso. Se por essas características qualquer combatente já
mereceria destaque, um detalhe o fazia ainda mais singular. O soldado Medeiros
era na verdade uma mulher: Maria Quitéria de Jesus Medeiros, a primeira
brasileira a integrar uma unidade militar no País.
Diz-se que o soldado
Medeiros, que em 1822 juntou-se às tropas que combatiam os portugueses no
movimento de Independência do Brasil, era muito hábil com as armas,
disciplinado e audacioso. Se por essas características qualquer combatente já
mereceria destaque, um detalhe o fazia ainda mais singular. O soldado Medeiros
era na verdade uma mulher: Maria Quitéria de Jesus Medeiros, a primeira
brasileira a integrar uma unidade militar no País.
Nascida provavelmente em
1792 na Comarca de Nossa Senhora do Rosário, em Feira de Santana (BA), filha de
um fazendeiro da região, Maria Quitéria teve uma infância livre e feliz até a
morte de sua mãe, quando teve que assumir a tarefa de cuidar dos dois irmãos
mais novos. Em 1822, os partidários da Independência do Brasil começaram a
percorrer a Bahia à procura de voluntários e doações para a luta contra os
portugueses.
Ao saber da convocação,
pediu permissão ao pai para se alistar, mas ele não deixou. Ela então se
disfarçou de homem, tomando roupas emprestadas do cunhado e, contra a vontade
do pai, alistou-se no regimento de artilharia, como o soldado Medeiros. Depois
foi transferida para a infantaria e passou a integrar o Batalhão dos
Voluntários do Imperador, tornando-se a primeira mulher a pertencer a um
unidade militar no Brasil.
Duas semanas depois, foi
descoberta pelo pai, que a procurava. Entretanto, devido à facilidade com que
manejava as armas e por sua disciplina, o major Silva e Castro não permitiu que
ela fosse desligada do grupo. Maria Quitéria conquistou o respeito dos
companheiros, assumiu a sua condição feminina e não precisou mais usar roupas
masculinas. Destacou-se pelo seu entusiasmo e bravura. Sua luta influenciou
outras mulheres, formando um grupo feminino liderado por ela.
Depois que D. Pedro I
declarou a Independência do Brasil, em 7 de setembro, as tropas portuguesas
continuaram lutando no País. Na batalha que ocorreu na foz do rio Paraguaçu, em
solo baiano, o grupo de mulheres comandadas por Quitéria se destacou. Quando os
portugueses foram derrotados, em julho de 1823, Maria Quitéria foi reconhecida
como heroína das guerras pela Independência e homenageada pelo imperador,
recebendo o título de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro.
Mesmo com roupas de soldado,
muitos cronistas da época diziam que Maria Quitéria mantinha sua feminilidade e
tinha uma beleza marcante. Diz-se também que usava uma farda azul com um saiote
que ela mesma havia feito e um capacete com penacho. Sua independência pessoal
serviu de incentivo para os futuros movimentos feministas.
Apesar de suas lutas e
conquistas pelo País, Maria Quitéria passou a viver no anonimato após o
casamento com o lavrador Gabriel Pereira de Brito, antigo namorado, com quem
teve uma filha, Luísa Maria da Conceição. Depois da morte do marido, foi para
Feira de Santana tentar receber parte da herança do pai, mas desistiu do
inventário. Mudou-se com a filha para Salvador, onde ficou progressivamente
cega e faleceu em 1853.
Maria Quitéria é patrona do
Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro. Em 1953, aos cem anos
de sua morte, o governo brasileiro decretou que o retrato de Maria Quitéria
fosse inaugurado em todos os estabelecimentos, repartições e unidades do
Exército do Brasil.
Fonte:Exército