Antônio Vicente Mendes Maciel (Antônio Conselheiro) nasceu em QUIXERAMOBIM-CE, a 13 de março de 1830. Sua família era de padrão mediano e isso proporcionou uma educação diversa oferecendo-lhe contato com a geografia, matemática e as línguas estrangeiras. Aos seis anos de idade ficou órfão de mãe e aos vinte sete, depois da morte de seu pai, assumiu os negócios da família. Não obteve sucesso com o comércio que herdara e abandonou a atividade. Neste mesmo período, casou-se com uma de suas primas e passou a exercer funções jurídicas nas cidades de Campo Grande e Ipu ambas no Ceará.
Antônio passou a vaguear pelo sertão nordestino após ter sido abandonado por sua mulher. Envolveu-se com uma escultora de nome Joana Imaginária e desse envolvimento teve um filho. A partir de 1865 Conselheiro voltou à sua peregrinação sertaneja, abandonando mulher e filho. Ajudou a construir igrejas e cemitérios, prática comum entre os missionários da época, mesmo não tendo ligações institucionais com a Igreja Católica. Sua figura ficou marcada pela barba grisalha, bata azul, sandálias de couro e a mão apoiada em um bordão.
Desenvolveu - provavelmente influenciado pela miséria da Região em que vivia, bem como, pelas suas próprias contrariedades – uma espécie de pregação religiosa que remontava aos primórdios do cristianismo. Passou então a Defender que os homens deveriam se livrar das injustiças que lhes eram impostas, buscando superar os problemas de acordo com os valores religiosos cristãos. Com seu discurso de fé e justiça, Conselheiro atraiu muitos sertanejos que viviam oprimidos e por isso, se identificavam com suas palavras.
Autoridades eclesiásticas e setores dominantes da população viam na renovação social e religiosa de Antônio Conselheiro uma ameaça à ordem estabelecida. Em 1876, autoridades lhe prenderam alegando que ele havia matado a mulher e a mãe, e o enviaram de volta para o Ceará. Depois de solto, Conselheiro se dirigiu ao interior da Bahia. Com o aumento do seu número de seguidores e a pregação de seus ideais contrários à ordem vigente, Conselheiro fundou – em 1893 – uma comunidade chamada Belo Monte, às margens do Rio Vaza-Barris.
Consolidando uma comunidade não sujeita ao mando dos representantes do poder vigente, Canudos, nome dado à comunidade por seus opositores, se tornou uma ameaça ao interesse dos poderosos. De um lado, a Igreja atacava a comunidade alegando que os seguidores de Conselheiro eram apegados à heresia e à depravação. Por outro, os políticos e senhores de terra, com o uso dos meios de comunicação da época, diziam que Antônio Conselheiro era monarquista e liderava um movimento que almejava derrubar o governo republicano, instalado em 1889.
Incriminada por setores influentes e poderosos da sociedade da época, Canudos foi alvo das tropas republicanas. Ao contrário das expectativas do governo, a comunidade conseguiu resistir a quatro investidas militares. Somente na última expedição, que contava com metralhadoras e canhões, a população apta para o combate (homens e rapazes) foi massacrada. A comunidade se reduziu a algumas centenas de mulheres, idosos e crianças. Antonio Conselheiro, com a saúde fragilizada, morreu dias antes do último combate. Ao encontrarem seu corpo, deceparam sua cabeça e a enviaram para que estudassem as características do crânio de um “louco fanático”.
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