Com a expulsão definitiva dos holandeses que ocupavam Pernambuco (1654), iniciaram uma série de mudanças no cenário econômico regional que desembocaram na crise da economia açucareira.
Os senhores de engenho, incentivados anteriormente pelos holandeses, amargaram uma grave crise decorrente da baixa do açúcar no mercado europeu e da concorrência do açúcar produzido nas Antilhas pelos próprios holandeses. Todavia, as elites olindenses ainda possuíam o controle político local.
Por outro lado, Recife – região vizinha e politicamente
subordinada à Olinda – tornara-se o principal polo do desenvolvimento local. O
comércio do povoamento trazia grandes lucros, o porto do Recife era a porta de
entrada para a Capitania de Pernambuco, favorecendo com isso, o fluxo de
mercadorias inclusive, a saída da própria produção açucareira. Contudo, não se pode
esquecer que os holandeses empreenderam diversas melhorias na região que se
transformou no seu principal centro administrativo, ou seja, contribuiu para o
desenvolvimento do comércio local.
Os senhores
de engenho de Olinda, vivendo sérias dificuldades financeiras, contraíram vários
empréstimos com os comerciantes de Recife. Contudo, o agravamento da crise
açucareira, impossibilitou o pagamento dos compromissos. Isso criou um clima de
tensão e fomentou o desejo de emancipação política por parte dos recifenses.
[...] a complicada situação econômica de Olinda somou-se
ao completo sucateamento da cidade, que sofreu com as guerras que expulsaram os
holandeses. Com isso, a câmara de Olinda decidiu aumentar os impostos de toda a
região, incluindo Recife, para que fosse possível recuperar o centro
administrativo pernambucano. Inconformados, os comerciantes portugueses,
pejorativamente chamados de “mascates”, buscaram se livrar da dominação
política olindense.
Os comerciantes do Recife conseguiram autorização de Portugal para elevar seu povoado à categoria de vila, tendo com isso, autonomia para criar sua própria Câmara Municipal. A novidade deixou os latifundiários de Olinda preocupados, pois temiam que os comerciantes tivessem meios para exigir o pagamento das dívidas que tinham a receber. Neste clima de tensão, entre ambos os lados, o conflito armado parecia inevitável e de fato ocorreu no momento mais breve: a demarcação das fronteiras entre os dois territórios.
A ofensiva
dos olindenses teve início em 1710, com vitória e controle da nova vila
pernambucana. Em seguida, os recifenses retomaram o controle de suas posições em
uma reação militar apoiada por outras capitanias. A guerra só foi interrompida
quando a Coroa Portuguesa nomeou, em 1711, um novo governante que teria como
missão estabelecer um ponto final ao conflito.
Félix José
de Mendonça, novo governante, apoiou os mascates portugueses e estipulou a
prisão de todos os envolvidos na guerra. Visando evitar novos conflitos, o
governador decidiu alternar semestralmente, a administração para cada uma das
cidades. Evitando, portanto, qualquer tipo de favorecimento.
Curiosidade:
Bernardo Vieira de Melo vereador do Senado da Câmara de Olinda,
precisamente no dia 10 de novembro de 1710, durante a guerra dos mascates, propôs
a criação de uma república como forma de livrar o Brasil das mãos dos
portugueses. A data é lembrada até os dias de hoje com um feriado naquele município e
uma placa pregada na única parede das ruínas da antiga câmara municipal, em
forma de estrela, remonta o episódio com os seguintes dizeres:
“Aqui, em 10 de novembro de 1710,
Bernardo Vieira de Melo deu o primeiro grito
em favor da fundação da República entre nós”.
Bernardo Vieira de Melo deu o primeiro grito
em favor da fundação da República entre nós”.
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