A Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco
(SAPPP), conhecida popularmente por Ligas Camponesas, foi
um movimento de luta pela reforma agrária no Brasil iniciado nos quinhentos
hectares de “fogo morto” do engenho Galiléia, Vitória de Santo Antão-PE, em 1º
de janeiro de 1955. O movimento tinha apoio do Partido Socialista Brasileiro
(PSB) e do advogado e deputado Francisco Julião.
Milhares de
trabalhadores rurais foram arregimentados pela liga que em pouco tempo se
espalhou por várias regiões do país, principalmente no Nordeste brasileiro,
utilizando o lema “Reforma Agrária na lei ou na marra” contra a secular
estrutura latifundiária no Brasil.
O surgimento
das Ligas Camponesas remonta os tempos do governo Juscelino Kubitschek que
incentivou o aumento da industrialização brasileira na década de 1950. Essa intensificação
da indústria introduziu a mecanização da produção agrícola e com isso, produziu
desemprego e redução de salários. A insatisfação dos
trabalhadores com tal situação, combinada com o secular problema da
concentração de terra criou o clima para o surgimento das ligas.
Forte
repressão policial e dos latifundiários marcaram a trajetória das ligas
camponesas, mas não impediu seu fortalecimento. Belo Horizonte, sediou em 1961,
o Primeiro Congresso Nacional de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, que teve como pautas principais a reforma
agrária e a extensão dos direitos trabalhistas a todos os trabalhadores do
campo.
As Reformas de Base do governo João Goulart (1963), fortaleceram
ainda mais as ligas, sobretudo, porque um dos pilares principais da reforma era
justamente a reforma agrária. Assim, os grupos de oposição a Goulart, setores
que arquitetaram o golpe de 1964, usaram as ações das ligas camponesas como
mais um dos motivos para executarem o golpe de Estado em 1964.
As ligas
camponesas foram brutalmente reprimidas durante a ditadura civil-militar e seus
principais líderes foram presos. Entretanto, a reivindicação dos trabalhadores
rurais pela distribuição de terras no Brasil foi novamente retomada na década
de 1980, podendo-se considerar que a fundação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) significou a continuidade da
luta iniciada pelas ligas camponesas.
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