terça-feira, 19 de agosto de 2014

Ligas camponesas



A Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco (SAPPP), conhecida popularmente por Ligas Camponesas, foi um movimento de luta pela reforma agrária no Brasil iniciado nos quinhentos hectares de “fogo morto” do engenho Galiléia, Vitória de Santo Antão-PE, em 1º de janeiro de 1955. O movimento tinha apoio do Partido Socialista Brasileiro (PSB) e do advogado e deputado Francisco Julião.

Milhares de trabalhadores rurais foram arregimentados pela liga que em pouco tempo se espalhou por várias regiões do país, principalmente no Nordeste brasileiro, utilizando o lema “Reforma Agrária na lei ou na marra” contra a secular estrutura latifundiária no Brasil.

O surgimento das Ligas Camponesas remonta os tempos do governo Juscelino Kubitschek que incentivou o aumento da industrialização brasileira na década de 1950. Essa intensificação da indústria introduziu a mecanização da produção agrícola e com isso, produziu desemprego e redução de salários. A insatisfação dos trabalhadores com tal situação, combinada com o secular problema da concentração de terra criou o clima para o surgimento das ligas.

Forte repressão policial e dos latifundiários marcaram a trajetória das ligas camponesas, mas não impediu seu fortalecimento. Belo Horizonte, sediou em 1961, o Primeiro Congresso Nacional de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, que teve como pautas principais a reforma agrária e a extensão dos direitos trabalhistas a todos os trabalhadores do campo.

As Reformas de Base do governo João Goulart (1963), fortaleceram ainda mais as ligas, sobretudo, porque um dos pilares principais da reforma era justamente a reforma agrária. Assim, os grupos de oposição a Goulart, setores que arquitetaram o golpe de 1964, usaram as ações das ligas camponesas como mais um dos motivos para executarem o golpe de Estado em 1964.

As ligas camponesas foram brutalmente reprimidas durante a ditadura civil-militar e seus principais líderes foram presos. Entretanto, a reivindicação dos trabalhadores rurais pela distribuição de terras no Brasil foi novamente retomada na década de 1980, podendo-se considerar que a fundação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) significou a continuidade da luta iniciada pelas ligas camponesas.




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