Alguns dados sobre a Crimeia
A Península da Crimeia está
situada na costa norte do Mar Negro e o separa do Mar de Azov. Seu território é
pouco menor que o Estado de Alagoas com 26.200 quilômetros quadrados. Sua
população chega aos dois milhões de habitantes e boa parte de sua área faz
parte da República Autônoma da Crimeia.
Mais da metade da população
da Crimeia 57% é composta por russos e apenas 27% de ucranianos. Os Russos
nunca viram com bons olhos a anexação do seu país pela Ucrânia em 1954, e muito
menos a decisão de permanecer sob o controle de Kiev na época pós-soviética,
nem mesmo na condição de República Autônoma.
Fatos históricos relevantes
A Crimeia sempre foi alvo de
inúmeras disputas territoriais e por isso, foi ocupada desde a antiguidade por
diversas etnias.
Durante a guerra civil
pela consolidação do regime bolchevique na Rússia, após a queda do Império
Russo, o território da Crimeia foi dominado por diversas facções e tornou-se um
reduto de resistência ao exército bolchevique até 1920. Cerca de 50.000 pessoas,
entre militares e civis, foram executadas, após a capitulação da facção do
exército branco comandada pelo general Wrangel ainda em 1920.
A República Socialista Soviética Autônoma da
Crimeia (RSSAC) foi criada em 18 de outubro de 1921, como parte da União
Soviética.
Na Segunda Guerra Mundial, a Crimeia novamente
assistiu diversas batalhas sangrentas. Tropas nazistas sofreram
graves perdas na região em 1941 quando insistiam em avançar pelo Istmo de
Perekop, ligação da Crimeia ao continente. Mesmo com muitas baixas eles romperam
a linha de defesa e tomaram bom parte do território com exceção do município de Sebastopol,
que resistiu bravamente até 4 de julho de 1942, quando finalmente os
alemães capturaram a cidade. A partir de 1 de setembro a península tornou-se um
distrito controlado pelos nazistas (Distrito-Geral da Crimeia). Deve-se
destacar, no entanto, que uma pequena resistência nativa continuou enfrentando
as tropas do eixo até a libertação da península em 1944.
Em maio de 1944, mais
precisamente no dia 18, teve início a deportação dos tártaros da Crimeia para a Ásia
Central. A decisão partiu do governo soviético de Stalin, em retaliação a
uma possível colaboração que este grupo étnico teria dado as tropas da ocupação
nazistas. Havia inclusive, a acusação de que os tártaros teriam formado milícias
para combater os soviéticos.
Em 26 de junho do mesmo ano, as populações armênias, búlgaras e gregas também
foram deportadas para a Ásia Central. Essa “limpeza étnica” só foi declarada
ilegal em 1989.
No início da década de
cinquenta houve uma nova mudança no curso histórico da Crimeia. Tal mudança
veio por meio de um decreto que transferiu o território para a Ucrânia em 19 de
fevereiro de 1954. A transferência foi justificada como uma "medida
simbólica" em alusão ao 300º aniversário da integração da Ucraniana ao antigo
Império Russo. A iniciativa veio de Nikita Khrushchev, natural da Ucrânia e
secretário geral do partido comunista soviético.
Nas décadas posteriores a
Crimeia experimentou um período de paz e prosperidade. Seu território tornou-se
um dos principais destinos turísticos da região que recebiam visitantes de
várias partes da Europa. Neste período a infraestrutura portuária também se
desenvolveu principalmente, nos portos de Kerch e Sebastopol aumentando com isso, sua importância econômica.
Em 1991 a Crimeia ganhou um
governo autônomo.
Com o fim da União
Soviética, a Crimeia passou a fazer parte da Ucrânia, provocando tensões com a Rússia.
No ano seguinte o parlamento da Crimeia proclamou sua autonomia e a primeira
constituição da nação foi aprovada, contudo, havia uma cláusula constitucional
que colocava o território como parte da Ucrânia.
Por fim a Crimeia concordou
em continuar integrando a Ucrânia e sua proclamação de autonomia foi anulada. Todavia,
a região se conservou com considerável autonomia.
Crise atual
Milhares de manifestantes, russos
e ucranianos, se enfrentaram na frente do parlamento da Crimeia no inicio
de 2014. O confronto foi causado pela abolição da lei que regulamentava os
idiomas das minorias, incluindo o russo. Tal regulamentação faria do ucraniano,
na prática, o único idioma oficial. Contudo, essa medida não entrou em
vigor. As tensões continuaram e levaram a deposição do presidente ucraniano Viktor
Yanukovych.
Dias depois da deposição do
presidente da Ucrânia o Parlamento da Crimeia anunciou um referendo para o
dia 25 de maio. O referendo tinha o objetivo de consultar a população crimeana sobre
a proposta de anexação à Rússia ou pela restauração da Constituição
da Crimeia de 1992. O governo provisório da Ucrânia, Estados Unidos e União Europeia
repudiaram a atitude, contudo, a Rússia apoiou e afirmou que reconheceria o
resultado desse referendo.
Forças Terrestres russas ocuparam posições
estratégicas na Crimeia e foram consideradas invasoras. Sob grande vigilância os
membros do parlamento elegeram Serguey Aksyonov como novo primeiro-ministro
da Crimeia.
O próximo passo foi a
aprovação da declaração de independência da península da Crimeia em relação à
Ucrânia, não reconhecida obviamente por Kiev, era o inicio da manobra de
anexação do território a Rússia.
Em 16 de março de 2014
realizou-se finalmente o referendo. Apenas as cédulas que traziam uma
única resposta positiva foram consideradas válidas. O resultado do referendo,
apontou que cerca de 95,5% dos votos haviam optado pela anexação do território
à Rússia. Com o resultado do referendo, o Parlamento da Crimeia aprovou por
unanimidade e declarou, oficialmente, a Crimeia independente da Ucrânia ao
mesmo tempo em que oficializou o pedido de anexação à Rússia.
O Kremlin declarou,
dias depois, que a Crimeia havia passado a fazer parte da Federação Russa e o
presidente Vladimir Putin assinou o tratado de anexação.
Ucrânia, União Europeia e Estados
Unidos reafirmaram suas discordâncias com a anexação e a ameaça de um conflito armado continua...
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