O estudo desse período baseia-se na interpretação de duas obras, Ilíada e Odisséia, que são atribuídas a Homero.
A ideia central da
Ilíada gira em torno da tomada de Tróia pelos gregos. O autor se concentra de
maneira especial na figura do herói Aquiles, descrevendo sua cólera com
Agamenon, que lhe roubou a escrava Briseida; após esse fato, Aquiles se recusou
a participar dos combates contra os troianos; a morte do seu amigo Patroclos,
porém, fez Aquiles voltar aos combates.
A
outra parte mais significativa da obra descreve o cavalo de madeira que os
gregos usaram para tomar a cidade.
Na Odisséia encontramos,
na maior parte da obra, uma descrição do retorno do Ulisses ao Reino de Ítaca. Contudo,
podem-se destacar também outros temas fundamentais para a compreensão da obra:
A viagem de Telêmaco, de Ulisses e o massacre dos pretendentes da sua esposa.
Apesar
de atribuídas a um mesmo autor – Homero -, a Ilíada e a Odisséia são muito
diferentes no vocabulário, no estilo e nos acontecimentos descritos. Por
exemplo, na Ilíada o autor não menciona o uso do ferro, ao passo que na
Odisséia há referências constantes a esse material. Provavelmente, as obras
foram criadas com um intervalo de 50 anos entre uma e outra: A Ilíada no final
do século Ix a.C e a Odisséia, nos meados do século VIII a.C. (ARRUDA, 1987,
p.124)
Provavelmente a ilíada foi
escrita por um poeta jônico e a Odisséia por um poeta da parte insular do
território grego. Todavia, vale ressaltar que as obras sofreram alterações por
parte dos aedos*, através das gerações. Ambas as obras só foram escritas no
século VI a.C., em Atenas, durante o governo do tirano Psistrato.
O
Sistema Gentílico - A unidade elementar que compunha a sociedade grega a partir
do século XII a.C. eram as grandes famílias, genos, em que todos indivíduos
pertencentes a mesma origem, antepassados, coabitavam o mesmo espaço. Os membros
dos genos (gens) estavam ligados uns aos outros pelos laços familiares e, por
sua vez, eram chefiados pelo pater-familias. A figura do pater-familias
garantia a unidade familiar dos genos uma vez que eram responsáveis pelo culto
aos antepassados, administração e justiça todas baseadas no costume.
As
economias do genos eram basicamente agropastoril, coletivista social e
economicamente. Todavia, o genos apresentavam diferenciações particulares, uma
vez que a posição da pessoa na família dependia diretamente, do grau de
parentesco com o pater-familias. Politicamente falando, o poder patriarcal
do pater-familias se estruturava no domínio de certas fórmulas secretas, que possibilitavam
seu contato com os deuses protetores do genos. A partir da copreensão da
estrutura do genos, conclui-se consequentemente, que a economia estava
restrita a administração do lar (oiconomicus) ou seja, a economia do genos era
auto-suficiente.
Os instrumentos de trabalho, bens
produzidos e a propriedade pertenciam a todos os gens e por isso, não podiam
ser vendidos, transferidos e/ou divididos. A exemplo da propriedade as tarefas também
eram coletivas sendo expulso do genos inclusive, o indivíduo que se recusasse cumpri-las.
Toda produção era distribuída entre os membros, impedindo com isso, qualquer
tipo de desigualdade econômica. Os trabalhos escravos ou de artesãos eram pouco
comuns nas economias gentílicas ocorrendo ocasionalmente, quando havia
inabilidade para alguma tarefa ou nos casos de famílias pouco numerosas.
Em função das suas próprias
características, o sistema gentílico tornava-se vulnerável e posteriormente,
veio a ser extinto. Os meios de produção contavam com tecnologias rudimentares
e por isso, não acompanhavam, quantitativamente, o crescimento demográfico. Em função
disso, a população passou a trabalhar mais por uma renda menor e isso foi ao
poucos, gerando descontentamentos. As perdas do estímulo para o trabalho e
maiores exigências na partilha dos produtos surgiram rapidamente. Os filhos
mais jovens e os bastardos protestavam contra a vida difícil que levavam e
isso, prejudicou a unidade familiar. O conforto e o luxo passaram a ser objeto
de desejo daqueles indivíduos que aos poucos, descobriam o individualismo
despertando inclusive, a necessidade de dividir a propriedade que outrora era
coletiva:
A repartição dos bens
comuns era realizada pelo chefe da comunidade, que beneficiava seus filhos mais
próximos, em prejuízo dos parentes mais afastados. Primeiro dividiam-se os bens
móveis, isto é, gado, escravos, barras de metal, vasos preciosos, armas e
vestuário. O passo seguinte seria a divisão da habitação; mas, como a casa não
podia ser repartida, cada família passou a viver em uma casa particular. Por
fim, a própria terra – bem principal – foi repartida. Com isso, a posse da
terra, de coletiva passou a privada (ARRUDA, op. cit., p. 125).
A divisão dos lotes era comumente
feita por sorteio e posteriormente, por ocasião de herança, seriam novamente
divididos. Tal fato deu início a violentas disputas pela posse da terra. Todavia,
nas terras coletivas e particulares os lotes podiam ser divididos, mas não
repassados para quem não tivesse pertencido ao antigo genos.
As diferenças sociais ganharam
força, surgiram grandes proprietários de terras férteis em detrimento dos
pequenos proprietários das terras pouco férteis. Além disso, numerosos grupos perderam
suas propriedades ou herdaram lotes insignificantes territorialmente e pouco
férteis. Tais grupos formaram uma camada socialmente marginalizada que vivia de
pequenas recompensas financeiras, obtidas com algum trabalho, ou de esmolas. Alguns
passaram a dedicar-se a navegação, pirataria, impulsionando o com isso, o
comércio marítimo.
No plano político, a
desintegração gerou a passagem do poder do pater-familias para os parentes mais
próximos, os eupátridas (filhos do pai), que monopolizavam os
equipamentos de guerra, a justiça, o poder religioso, todo o poder político
enfim. Esta camada deu origem à aristocracia grega, cujo poder resultava da
posse da riqueza fundamental - a terra (ARRUDA, op. cit., p. 126).
Os membros da aristocracia
uniram-se em fratrias (irmandades); as fratrias por sua vez, deram
origem as tribos. A partir da união de várias tribos e seus vilarejos (cinesismo),
surgiu a polis (cidade estado).
Cidade-estado (estrutura): ACRÓPLE,
templo construído sobre uma elevação; ÁGORA, praça central; ASTI, mercado de
trocas. Ocorria, portanto, a transição da economia familiar para a urbana em
que se observava ainda, a ocorrência de elementos familiares.
Aedos*, poetas que transmitiam os
poemas oralmente, através das gerações.
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